segunda-feira, 26 de abril de 2010

Reparo e Concreto


Construções em Mar e Terra Ltda
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Quais as causas da deterioração do concreto?Quando o concreto mostra deterioração, um dos maiores erros que se comete é sair remendando. Não faltam curiosos e oportunistas que dizem que é só aplicar "uma massinha" misturada a um certo produto "pra dar mais liga". Pura conversa de meia-boca! Como diz a propaganda de outro produto, fuja do mico!A primeira coisa a considerar é que o assunto é sério. Não se deve, em momento algum, achar que por ser ou parecer superficial, o estrago é pouco. Quem pode ver dentro de uma coluna ou de uma viga? Além do mais, os estragos começam assim mesmo, da superfície para dentro.A segunda coisa importante é procurar a causa do problema.É sobre isso que trata este primeiro artigo.Portanto quais são as causas mais comuns da deterioração do concreto?1) pouca espessura de concreto (recobrimento) - em um país como o Brasil, como é que se prepara a concretagem de uma coluna? Ou uma viga? É comum montar as formas, jogar a armadura (ferragem) lá dentro e mandar descer o concreto. Rapadura, Espaçadores? Que é isso?. Pois é. Muitas vezes os ferros da armadura ficam colados ou muito próximos das formas, o que impede que a camada de concreto seja suficiente para recobrir a armadura de ferro. Por norma, deveria ser no mínimo de 2,5cm. Norma ABNT...2) carbonatação - muito presente em atmosferas agressivas, industriais, onde há muito gás carbônico (CO2) no ar. Ele reage com a cal hidratada presente no concreto (e que funciona como uma barreira de proteção alcalina) e a consome aos poucos. Vai-se a barreira de proteção, dando lugar a uma camada carbonatada na superfície do concreto, que apresenta fissuras e vai aos poucos se desprendendo, expondo a armadura. Promove um desgaste geralmente uniforme de toda a superfície exposta do concreto.3) ataque de cloretos - problema muito comum nas regiões litorâneas. Os ions cloreto, na presença da água salgada, reagem com o concreto e, além das fissuras, desprendimentos, etc, promovem a formação de pontos localizados de corrosão nas armaduras, reduzindo drasticamente a resistência de colunas e vigas.
4) ataque de sulfatos - problema mais presente em ambientes industriais, onde a presença de produtos químicos sulfurados (usualmente chamados de SOx, ou seja, SO, SO2, SO3, SO4).5) incêndios - dependendo da temperatura a que se chega, a funcionalidade da estrutura fica comprometida ou não6) ataques químicos específicos - além de cloretos, sulfatos, carbonatação, ambientes industriais dos mais diversos podem ocasionar deterioração a partes do concreto, em associação ou não com as temperaturas.7) reação de substâncias do ambiente com alguns agregados do concreto (reação álcali-agregado, ou similares) - ocorrem quando um determinado agregado é adicionado ao concreto para redução de peso, ou outras finalidades. Se esta adição não for adequadamente especificada, o comportamento destes agregados ao longo do tempo diante da umidade e outros contaminantes pode provocar fissuras, trincas, etc, fazendo com que o concreto vá se enfraquecendo, expondo a armadura e dando abertura a outros tipos de deterioração, por outras causas aqui expostas8) falhas de concretagem - não se trata necessariamente de deterioração, mas de "barbeiragens" de construção 9) impactos, acidentes, sobrecargas - quase que dispensa explicação. Se algo for submetido a cargas superiores ás do projeto, trincas ocorrem, deformações aparecem, etc

Como reparar a área deteriorada?Entendemos que a esta altura você já conhece o que causou a deterioração do concreto. Caso contrário, você é nosso convidado a ler o primeiro artigo desta série - Quais as causas da deterioração, A pior coisa que alguém pode fazer é "remendar" o estrago com uma simples massa de cimento /areia (um reboco, como ilustra a foto ao lado). Além de não ser o material adequado, estes "remendos" só fecham a visão para os reais problemas. Não funcionam, e acabam postergando a verdadeira solução, as vezes para quando já é tarde demais.E qual é então o procedimento correto?(Hoje e aqui estaremos detalhando a primeira fase) o preparo da área a ser reparada. Nos próximos artigos falaremos sobre o uso dos materiais adequados para o reparo (adesivos e microconcretos) e proteção anti-corrosiva da superfície para que o problema não se repita. Preparar a área não é só quebrar a "área podre"?Acaba sendo, mas até no quebra-quebra é necessário ter alguma arte. Do contrário, porções boas de concreto podem ser desnecessariamente removidas ou enfraquecidas.A primeira coisa é DEMARCAR a área deteriorada com giz ou tinta. É interessante e necessário que se projete a remoção de todo o material ruim, de forma a ter certeza de que a "fronteira" será de material bom, permitindo uma boa ancoragem do reparo. Para isso é necessário remover m ais material do que já foi estragado pela corrosão.A segunda e importante providência, antes de começar a quebrar, é criar uma DELIMITAÇÃO física no local da "fronteira". A terceira etapa, sim, é A DA REMOÇÂO do material deteriorado. Esta remoção pode ser feita por meios mecanizados ou manualmente, como ilustram as fotos. Seja qual for o meio escolhido, sempre aconselhamos o uso de equipamento de segurança adequado, evitando acidentes. Outra dica que pode ser visualizada na foto acima, à esquerda, é a criação de um "quadriculado" feito com a serra diamantada, facilitando a quebra do material fronteiriço.Uma questão sempre presente é "quanto remover?"Há algumas regras práticas:a) como já dito acima, os limites do reparo precisam ser, com certeza, de material bom. Isto significa que durante a remoção podem surgir áreas fracas ou corroídas além do que se esperava. Caso não haja risco estrutural, remova tudo o que estiver ruim;b) a profundidade do reparo deve permitir que o microconcreto que será aplicado tenha uma boa espessura de cobrimento das armaduras. A regra prática é quebrar até o ponto em que pode colocar a mão por trás da armadura, como na foto.c) a área deverá estar com todo o concreto ruim removido, e sem a presença de porções soltas ou pulverulentas. Uma vez feita a remoção é hora de se começar o reparo propriamente dito.

Como proteger as armaduras? Agora vamos falar da proteção das armaduras.Não se pode esquecer que o ferro que fica dentro do concreto é que responde por uma grande parte do esforço estrutural que sustenta uma viga ou uma coluna. A argamassa do concreto (tudo menos o ferro) tem uma grande resistência a compressão, mas muito pouca resistência à tração ou a esforços fletores ou cisalhantes. Para isso a armadura está lá, para compor com a argamassa o que conhecemos como "concreto armado".Um enorme erro é fazer um reparo "repondo" a porção de concreto que foi deteriorado, sem atentar para o que aconteceu e o que pode acontecer com as armaduras.Por que isso?As armaduras de ferro sofrem naturalmente o ataque químico de alguns agentes, bastante comuns e presentes em qualquer lugar: o oxigênio (oxida o ferro, formando os óxidos de ferro, ou ferrugem), o gás carbônico (destruindo a camada passivante do ferro), sulfatos, (cloretos e outros agentes químicos que consomem o ferro metálico na formação de sais), sempre tendo o agravante da presença de água ou umidade. Ferro corroído igual ferro enfraquecido. Ferro enfraquecido igual a concreto armado enfraquecido. E deixe o tempo ir enfraquecendo o concreto armado que um dia a casa cai. A casa, o prédio, a ponte, o que for. Em uma condição normal, o ferro que arma o concreto deve ter:1) uma camada de concreto de espessura mínima para cobrir os vergalhões. Pela ABNT as espessuras mínimas, chamadas ao lado de “proteção física” (d) devem ser de 25mm;

2) pouco após a concretagem forma-se uma camada passivante em volta das armaduras. Esta camada, associada ao meio alcalino que caracteriza o cimento forma uma proteção química contra o ataque de agentes corrosivos.Caso estas barreiras de proteção sejam destruídas ou não existam (a química e a física), a corrosão do ferro se instala. Se por mera oxidação, o ferro enferruja; se por cloretos, o ferro é consumido para a formação de cloreto férrico (também avermelhado e erroneamente confundido com ferrugem comum) Dependendo do tipo de agressor químico, o estrago pode ser maior ou menor, mais rápido ou mais lento. Veja pela foto ao lado o tipo de dano que pode ocorrer.E qual é o procedimento correto para proteger as armaduras?1) limpeza - contando que o concreto danificado já foi removido adequadamente, é hora de remover os resíduos de oxidação do ferro da armadura. Esta limpeza pode ser feita por lixamento, limpeza química ou, nos casos mais críticos, com jateamento abrasivo (areia ou granalha), como ilustrado ao lado··

(2) reforço, se necessário - dependendo do estrago percebido, pode ser necessário reparar ou reforçar a armadura, seja pela remoção das barras fracas e soldagem de novo material, seja pela adição de barramento paralelo ao existente. Para uma adequada avaliação, consulte sempre um calculista de estruturas·

·(3) proteção anticorrosiva das armaduras - é certo que muita gente pergunta: se não foi necessário proteger a armadura na hora da concretagem original, por que proteger agora?Analise alguns fatos:a) vale dizer que o não uso de proteção de armaduras é uma mania autenticamente brasileira. Em certos países do mundo a proteção de armaduras em estruturas de alta responsabilidade é obrigatória. Exemplo: túneis europeus são construídos com armaduras protegidas com tinta epóxi em pó, aplicada eletrostaticamente;

b) de qualquer forma, um vergalhão corretamente coberto com concreto desenvolverá uma camada passivante e terá na camada de proteção física uma barreira alcalina. Assim, não aplicar primer algum não deixa de ser uma opção bastante usada); c) entretanto não nos esqueçamos que estamos num reparo. E se ele foi necessário, é porque algo deu errado na forma original. E que não nos esqueçamos que, na maioria das vezes, os agentes agressores permanecem presentes. Portanto, custa muito pouco (muito pouco mesmo) proteger as armaduras. Esta proteção pode ser feita com:- pastas de cimento modificadas com polímeros;- emulsões de polímeros;- primers epoxídicos- e finalmente, os mais utilizados, os primers ricos em zinco. São "tintas" tendo zinco metálico como uma espécie de pigmento funcional. Além de criar uma camada de proteção química sobre o ferro, a presença do zinco faz com que se crie uma proteção galvânica (resumindo, se houver corrosão futura, o zinco entra como anôdo de sacrifício, por ser mais eletronegativo do que o aço. Sem querer falar em eletroquímica, significa que o zinco passa a ser consumido na corrosão no lugar do ferro /aço)A seguir, com a armadura protegida, é hora de aplicar a ponte de aderência e repor o concreto. Na próxima edição falamos disso.


Como proteger a área reparada de um novo ataque? Muita gente entende que a re-proteção nem faz parte do reparo. Na verdade, fazer não faz mesmo, mas é óbvio que o que provocou o estrago na primeira ocasião pode continuar por perto. Fazer o reparo e esperar que nada aconteça não é muito aconselhável.Como então proteger a área reparada de um novo ataque?Depende do agente corrosivo presente. Se estamos falando de um ambiente usual, com a presença de contaminantes "normais", como por exemplo:- água de chuva- fuligem- gás carbônico- poeira- foto degradação (por ação do raios ultra-violeta do sol)...podemos dizer que a proteção é uma tanto simplificada. Para casos onde os agentes agressores são outros, valem uma especificação caso a caso.Antes de qualquer tratamento, qualquer que seja ele, recomenda-se aplicar uma camada de argamassa polimérica sobre a superfície a tratar (não só a reparada, mas toda a área vizinha). Isto reduz a porosidade da superfície e fornece ao sistema protegido uma melhor ancoragem. (Qual argamassa? Consulte-nos para uma adequada especificação)Quanto ao sistema proteção, listamos abaixo um ranking dos sistemas mais usados e suas melhores vantagens:1) pintura estireno - acrilada (ou vernizes de base similar) - protegem contra carbonatação, fuligem e lixiviação por água de chuva, mas tem limitações quanto a foto-degradação. Não oferece grande resistência ao ataque de cloretos (água do mar, por ex)··
(2) pintura acrílica pura (só polímeros acrílicos, sem blend com outros) - idem anterior, mas com forte resistência a foto-degradação. Tem algumas limitações quanto ao ataque de cloretos.3) sistema duplo - aplicação de hidrorepelente silano-siloxano seguido da aplicação de verniz acrílico (resina pura, similar item 2) - oferece uma melhor resistência, pelo hidrorepelente coibir a penetração dos íons cloreto na matrix do concreto4) sistema epoxídicos - para casos onde se necessita alta resistência química (ácidos, alcalinidade, óleos e solventes). O único limitante do sistema epóxi é ele ser calcinado pela luz do sol (perde uma camada de 5 mícron por ano, além de ficar com os acabamentos fasquiados, esbranquiçados), o que o limita em aplicações externas.5) sistema PU (poliuretano) - não tem exatamente a mesma resistência do epóxi aos ataques químicos, mas é inerte à ação dos raios solares6) sistema híbrido - epóxi + PU - o mais caro de todos, mas o melhor deste ranking. Alia resistência química com resistência a intempérias.7) Somos fornecedores destes Serviços especializados para sua correta aplicação (caso requerido solicite um contato técnico especializado). Fone 55 (71) 9187 1700

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